segunda-feira, 5 de março de 2012

Nossa posição sobre a Campanha da Fraternidade 2012

“Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma; temei antes aquele que pode precipitar a alma e o corpo na Geena”. (Mt 10,28)

Prezados leitores,

Salve Maria!

É com a indignação costumeira que escrevemos mais este artigo a fim de protestar (no sentido mais católico da palavra) a despeito da nova Campanha da “Fraternidade”.

É cediço que a CNBB não tem poder de jurisdição alguma sobre os fiéis [1] por se tratar de um órgão meramente administrativo que existindo ou não, tudo continua como está. Já diziam: é uma coisa tal que sem a qual o mundo estaria tal qual. Também é cediço que estas chamadas campanhas da fraternidade são nada mais nada menos que empecilhos para que o fiel católico se desvirtue do verdadeiro sentindo da quaresma, de penitência, oração, jejum e caridade. Mas, há de se perguntar, como se faz isso? Como que a CF provoca tamanho estrago na consciência cristã? Passo a responder de forma bastante simples e humilde com fundamentos bastante rasos sem teologia tomista ou agostiniana alguma.


Do dever dos bispos:

Conforme preceitua o Catecismo, o múnus episcopal sugere um dever do bispo de apascentar as suas ovelhas na sua diocese sendo docente na mesma. A função do bispo é de governar a Igreja de Deus nas sedes que lhes são confiadas, sob as dependências do Sumo Pontífice.

O dever dos bispos, então, é o de apascentar as ovelhas do redil petrino na forma espiritual e não criar manifestos, passeatas, campanhas e outros tipos de empreitadas que coloque em risco a fé popular ou mesmo que não contribua para o crescimento da fé daqueles que lhe estão submissos.


Dos temas e lemas totalmente profanos:

Não é necessário explicar que a palavra “profano” quer dizer “o que está de fora”, mas como já expliquei, agora aplico esta definição aos temas e lemas das campanhas da fraternidade cnbebistas. Não vou falar de todas, é claro, só vou citar algumas e entraremos no mérito destas: 2001 - tema e lema: Vida sim, drogas não!, 2002 - tema: Fraternidade e povos indígenas / Lema: Por uma terra sem males!, 2003 - tema: A fraternidade e as pessoas idosas / Lema: Vida, dignidade e esperança., 2004 - tema: A fraternidade e a água / Lema: Água, fonte de vida., 2005 (ecumênica) - tema: A Fraternidade e Paz / Lema: Felizes os que promovem a paz!, 2006 - tema: Fraternidade e pessoas com deficiência / Lema: Levanta- te e vem para o meio!, 2007 - tema: Fraternidade e Amazônia/Lema: Vida e missão neste chão, 2008 - tema: Fraternidade e Defesa da Vida /Lema: Escolhe, pois, a Vida, 2009 - tema: Fraternidade e segurança pública / Lema: A paz é fruto da justiça, 2010 (ecumênica) - tema: Economia e Vida / Lema: Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro, 2011 - tema: Fraternidade e a Vida no Planeta / Lema: A Criação Geme em Dores de Parto e, por fim, 2012 – Tema: Fraternidade e saúde pública / Lema: Que a saúde se difunda sobre a terra.

Desculpe, caros leitores, tê-los feito ler tanta baboseira, mas foi preciso para que vocês vissem o que a CNBB se propõe a nos encorajar durante o período quaresmal. São temas TOTALMENTE profanos! Ou seja, os temas não têm ligação alguma com o período quaresmal, quiçá com a Sã Doutrina do Evangelho.  Algumas frases de lemas e temas dizem ser retiradas das Sagradas Escrituras, mas que, como fazem muitos, pegam um versículo isolado e semeiam com se fosse este o objetivo central.

Está claro, caros leitores, que temas profanos não converte a ninguém. Eu nunca ouvi dizer que, plantando árvores alguém fosse salvo. Não conheço vida de nenhum santo que se converteu plantando árvores ou desassoreando rios. Nunca houve e nunca haverá relatos de santos que assim se fizeram santos por uma vida de santidade defendendo segurança ou saúde pública.

Disse Nosso Senhor: Dai à César o que é de César. Ou seja: Deixe que as coisas profanas sejam cuidadas por quem de direito. Mas Nosso Senhor também disse: Dai à Deus o que é de Deus, ou seja, que cuide das coisas do Senhor àqueles que Ele separou para Si. O que aconteceu e vem acontecendo na Igreja (sobretudo latino-americana) nos últimos exatos 50 anos, meus amigos, é uma revolução marxista/comunista que desafia o poder divino sobrenatural. Se pegarmos as diretrizes que saem todos os anos sobre as famigeradas campanhas da fraternidade para analisar a fundo, encontraremos gnoses, modernismo, ecumenismo, liberdade religiosa, e até mesmo panteísmo. [2] Peguem os textos e, se tiverem estômago, leiam.

Das campanhas da fraternidade “ecumênicas”:

Com tudo isso dito, não há de se estranhar em que tivessem neste meio as chamadas “campanhas da fraternidade ecumênicas”. Elas acontecem num prazo de 5 anos. Também não há que se estranhar que os bispos que organizam estas malfadadas campanhas não conheçam a Carta Encíclica “Mortalium Animos” do Papa (este sim, de saudosa memória) Pio XI.

Na referida Carta, o Papa condena qualquer tipo de ecumenismo como praticado nos moldes atuais que não visa converter uma barata sequer. Diz a Carta Encíclica:

Por isto costumam realizar por si mesmos convenções, assembléias e pregações, com não medíocre freqüência de ouvintes e para elas convocam, para debates, promiscuamente, a todos: pagãos de todas as espécies, fiéis de Cristo, os que infelizmente se afastaram de Cristo e os que obstinada e pertinazmente contradizem à sua natureza divina e à sua missão.
Sem dúvida, estes esforços não podem, de nenhum modo, ser aprovados pelos católicos, pois eles se fundamentam na falsa opinião dos que jogam que quaisquer religiões são, mais ou menos, boas e louváveis, pois, embora não de uma única maneira, elas alargam e significam de modo igual aquele sentido ingênito e nativo em nós, pelo qual somos levados para Deus e reconhecemos obsequiosamente o seu império.

Erram e estão enganados, portanto, os que possuem esta opinião: pervertendo o conceito da verdadeira religião, eles repudiam-na e gradualmente inclinam-se para o chamado Naturalismo e para o Ateísmo. Daí segue-se claramente que quem concorda com os que pensam e empreendem tais coisas afasta-se inteiramente da religião divinamente revelada. (...)
(...) Acreditamos, pois, que os que afirma serem cristão, não possam fazê-lo sem crer que uma Igreja, e uma só, foi fundada por Cristo.

Entenderam? Agora a pergunta que não quer se calar: Como que pode, bispos católicos incitarem a desobediência à Tradição da Igreja? Não se sabe donde tiram tanta “criatividade” para ofender à Verdadeira Fé.

Portanto, leitores, não se pode fazer “campanhas da fraternidade de caráter ecumênico” por estes e outro motivos. Com este falso ecumenismo, paira uma falsa crença de que todas as religiões são boas e que todas nos levam à Deus. Ecumenismo só existe quando é para converter os que estão fora do redil petrino e não para lançar fora as ovelhas deste redil. Recomendo que leiam a “Mortalium Animos”.

Da Campanha da Fraternidade 2012:

Caros leitores, para não ficar um artigo enfadonho, me reservarei apenas em tratar da dita campanha da fraternidade deste ano. O tema é: “Fraternidade e saúde pública” e o lema: “Que a saúde se difunda sobre a terra”.

Vamos começar falando sobre a fraternidade da CF, que mais me parece lema da Revolução Francesa. A palavra fraternidade vem do latim frater que quer dizer irmãos, ou seja, fraternidade quer dizer “coisas de irmãos”. Podemos ser irmãos sendo tão diferentes? Podemos ser irmãos atacando a Mãe com vis artimanhas travestidas de católicas? Esta fraternidade quimérica não existe, nunca existiu e nunca existirá, não aqui nesta terra. Na segunda parte do tema, lemos: “Saúde pública”. O que será que a CNBB tem a nos ensinar sobre saúde e sobre saúde pública?

Vejamos: A saúde do corpo é necessária para dar vitalidade e perfeição aos nossos trabalhos. A saúde d’alma é aquela que é essencial para nos dá a vida eterna. Nosso Senhor disse que o que deveríamos temer não a doença física e sim a doença espiritual.

Não se ouve mais nem nas catequeses da vida tampouco nas missas paroquiais falar dos sacramentos dos mortos ou sacramentos de cura. Parece que todos estão curados e vivos! Mas, como tratar de saúde (na CF 2012, v.g.) sem falar de sacramentos de cura ou dos sacramentos dos mortos? É possível? Para a CNBB  sim, porque nas missas quaresmais não se fala mais disso e os padres ficam e ficarão por conta de falar de uma saúde pública partidária.

Nesta quaresma, meus amigos, nós ouviremos dos púlpitos a falar da saúde pública como que fosse apenas a saúde do corpo necessária.

Do pronunciamento do Santo Padre sobre a CF/2.012

Este assunto incomodou tanto que chegou aos ouvidos de Roma e foi preciso que o Papa Bento XVI se pronunciasse a respeito desta CF. O Santo Padre recitando as escrituras adverte os bispos brasileiros: “pois que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua alma?”[3]. Os bispos se esqueceram que a saúde do corpo é modo secundário de ver a vida, pois, o que é para a eternidade é a alma e não o corpo material.

Da saúde pública e do aborto (dos últimos fatos):

Outro dia, a nova ministra para as mulheres disse em alto e bom som que “o aborto é uma questão de saúde pública”. Porque será que apenas um bispo se pronunciou publicamente contra esta horrenda declaração? Será que para a CNBB o aborto é também uma questão de saúde pública? Num país onde existe (ou ao menos diz existir) 80 % (oitenta por cento, sic!) de pessoas que se dizem cristãs deixar impune uma declaração desta é de se espantar. Porque até agora os bispos todos juntos e cada um em particular não se manifestou acerca disso?

Da saúde que precisamos:

Por certo, como já dissemos, nós precisamos de saúde corporal, mas mais do que isso, precisamos de saúde espiritual! Há quantos e quantos que morrem espiritualmente porque os médicos (padres e bispos) são negligentes no seu pastoreio? Quantos e quantos católicos não tomam parte mais nos sacramentos por falta de incentivo do clero? Antes o contrário! Desencorajam os fiéis a uma vida de perfeição quando olham para os seus feitos, maus exemplos. Quantos e quantos fiéis desvirtuam do verdadeiro caminho porque o pastor que o conduz é um pastor mercenário e não tem exemplo algum para passar para os seus fiéis? Morrem, os fiéis, à míngua porque não tem quem os cure, porque não tem quem os exortem, porque não tem quem os conduz às verdes pastagens. É desta saúde que os fiéis estão precisando. Os fiéis estão sedentos é de vida com abundância e não de uma saúde partidária e passageira.

Em suma, o que devemos temer não é a doença corporal e sim a doença espiritual. Devemos temer quem nos faz mal à alma. Devemos temer os pastores mercenários. Eles sim, podem nos fazer muito mal à saúde.

Só queria recordar que esta missiva não trata de um ato de rebeldia contra a Hierarquia da Igreja ou mesmo contra a CNBB, é apenas para lembrar os nossos pastores que o que mais precisamos é saúde para a alma e que, tendo a alma sã, corremos atrás do resto.

“O negócio da eterna salvação é, sem dúvida, o mais importante, e, contudo, é aquele de que os cristãos mais se esquecem” (Santo Afonso Maria de Ligório, Preparação para a Morte, Consideração XII, Ponto I)

Notas:

Um comentário:

  1. Realmente! E incrível como a CNBdoB consegue desvirtuar o verdadeiro intuito da quaresma. Parabéns pela ótima matéria.

    Sheridan Pereira Blanch

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